A Síndrome da Dor Glútea Profunda (SDGP) é uma condição complexa que pode ter diversas origens, incluindo causas traumáticas, iatrogênicas, inflamatórias, infecciosas, vasculares, ginecológicas e tumorais. Essas condições resultam em uma compressão do nervo ciático por estruturas do quadril ou de dentro da pelve, ou seja, sem ter relação com a coluna lombar, causando sintomas de dor e formigamento na região das nádegas, quadril, região posterior da coxa e/ou que correm pela perna inteira e pode ir até os pés. Muitas vezes, essa síndrome é subdiagnosticada e de difícil tratamento, necessitando de uma abordagem multidisciplinar que envolve médicos, psicólogos e fisioterapeutas.
Estudos mostram que uma grande porcentagem de pacientes com dores de nervo ciático não encontra alívio através de tratamentos clínicos e procedimentos cirúrgicos tradicionais, o que destaca a importância de uma atenção mais especial para os pacientes, para diagnósticos mais precisos e tratamentos adequados. Os sintomas mais comuns incluem dor no quadril ou no glúteo, sensibilidade na região glútea e atrás do osso lateral do quadril (trocânter), e dor semelhante ao do nervo ciático.
A SDGP pode ser classificada em causas primárias (intra e extra pélvicas) e secundárias, resultantes da mudança da mecânica óssea normal do quadril ou da coluna. Essas alterações da mecânica podem estar presentes desde a infância ou serem adquiridas durante a vida. A síndrome do músculo piriforme é a causa mais comum de compressão do nervo ciático na região das nádegas. Variações anatômicas deste músculo e sua relação com o nervo ciático podem comprometer o trajeto normal do nervo e causar compressão.
Outras causas de SDGP incluem a síndrome do complexo obturador interno/gêmeos, bandas fibrosas e a síndrome dos isquiotibiais. A neuropatia dos nervos cluneais e do nervo pudendo são condições raras, mas que também podem desencadear a SDGP.
Em resumo, a SDGP é uma condição multifacetada que requer uma abordagem diagnóstica e terapêutica abrangente. Atualmente existem exames mais modernos, como a neurografia por ressonância magnética que tem contribuído significativamente para esses diagnósticos, considerados mais raros. O avanço das técnicas de exames de imagem e os excelentes resultados do tratamento cirúrgico minimamente invasivos por câmera de vídeo, têm contribuído significativamente para o maior entendimento e manejo dessa síndrome.
Dr Luiz Henrique Silveira Rodrigues
CRM 116403 RQE 29512
Médico Ortopedista Membro da Sociedade Brasileira de Quadril
Membro da The Hip Preservation Society