Síndrome do Piriforme: uma causa comum de dor na região glútea.

A síndrome do piriforme é uma condição que envolve a compressão do nervo ciático pelo músculo piriforme, localizado na região glútea profunda. Esta síndrome pode causar dor, formigamento e dormência na região dos glúteos e ao longo do trajeto do nervo ciático. Normalmente os pacientes não conseguem ficar sentado mais do que trinta minutos.

A “síndrome do piriforme” é a principal causa de dor na região glútea quando não existe envolvimento da coluna lombar. Pode ser causada por variações anatômicas do músculo piriforme e do trajeto do nervo ciático com relação a ele. O nervo ciático passa por baixo do músculo piriforme em 84 % das pessoas e, em 16 % este mesmo nervo pode, de alguma forma, passar de forma diferente no piriforme, gerando a compressão do nervo (figuras 1,2 e 3).

Figura 1. O nervo ciático está passando no meio do músculo piriforme, essa é uma das variações da anatomia deste músculo que podem gerar sintomas.

Figura 2. Imagem de uma ressonância magnética de ótima qualidade (com os músculos destacados em vermelho e o nervo em amarelo), demonstrando o trajeto normal do nervo logo abaixo do músculo piriforme.

 

Figura 3. Imagem de uma ressonância magnética (com os músculos destacados em vermelho e o nervo em amarelo), demonstrando o trajeto ANORMAL do nervo ciático. O nervo se divide, e uma parte dele passa no meio do músculo, gerando um efeito compressivo.

 

O músculo mais hipertrófico (figura 4) e a disfunção mecânica (contraturas) do músculo piriforme também são causas comuns desta síndrome.

Figura 4. Exemplo de músculo piriforme mais hipertrofiado de um lado do que do outro.

 

Importante ressaltar que a maioria das pessoas que possuem essas variações são assintomáticas, e a razão para se tornarem sintomáticas em determinada fase da vida ainda são desconhecidas. Alguns estudos sugerem que as disfunções mecânicas e as contraturas musculares podem desencadear o início dos sintomas.

 O diagnóstico desta dor é muito difícil e alguns pacientes acabam sendo tratados como portadores de “problemas na coluna”. Na consulta inicial colhemos a história clínica do paciente, fazemos testes específicos para síndrome do piriforme e realizamos exames de imagens mais modernos. A neurografia e a tractografia por ressonância magnética são os exames que mais tem contribuído para a elucidação do diagnóstico.

 Quando suspeitamos fortemente que a dor do paciente é causada pela síndrome do piriforme, procuramos realizar testes terapêuticos para confirmar o diagnóstico. Esses testes são realizados através da aplicação de anestésico diretamente sobre o músculo, sempre guiado por um método de imagem. O método que utilizamos é a ultrassonografia.

 Se confirmado o diagnóstico o tratamento pode ser realizado através da fisioterapia, medicações, aplicação de toxina botulínica guiada por ultrassom e, em casos que não melhoram, pode ser indicado o tratamento cirúrgico.

 O tratamento cirúrgico pode ser realizado de forma aberta, ou seja, com um corte na lateral do quadril ou de forma minimamente invasiva, através de dois pequenos cortes e com a introdução de uma câmera de vídeo (endoscopia). No tratamento cirúrgico realizamos a liberação do nervo dos feixes musculares do piriforme que “prendem” o nervo de alguma forma.

 

 

Dr Luiz Henrique Silveira Rodrigues

CRM 116403 RQE 29512

Médico Ortopedista Membro da Sociedade Brasileira de Quadril

Membro da The Hip Preservation Society